sábado, 10 de abril de 2010

Carta a quem já não conheço mais..



Oh! sim!
Eu estou tão cansado
Mas não prá dizer
Que eu não acredito
Mais em você...

Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis...

Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a Deus!
E não me importa, Honey...

Minha Honey Baby
Baby! Honey Baby!
Oh! Minha Honey Baby
Baby! Honey Baby!...

Oh! sim!
Eu estou tão cansado
Mas não prá dizer
Que eu tô indo embora...

(...)"

Vapor Barato -
Jards Macalé e Wally Salomão

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Eu não quero saber o quanto não sou perfeita. Cansei de conceitos a meu respeito que mais soam como suspeitos. O desejo é seu, não fui eu quem alimentei isso e a vontade é minha de não querer participar dessa sua criação que enxerá de tédio a minha noite. O seu sorriso me enxerá de alegria, o seu olhar me enxerá de vaidade, mas as tuas palavras já serão ociosas e repetitivas. Teus gestos, um somatório de "déjà-vus".
Saia ou saio eu desse inferno de Dante, onde não somos mais o que fomos antes. Não fui eu, mas sim você a fazer um trapo do que era roupa de gala. Sou eu e minha vaidade que não querem mais usá-la. Quero rasgar do meu corpo essa vulgaridade que é te amar no meio de seus temporais. Sairei, e ao te deixar, terei a impressão de ter perdido cinco quilos em meu corpo frágil. Estarei mais livre, com a liberdade de quem não possui nada, mas tem as mãos libertas para conseguir tudo. Com a liberdade de quem não tem pra onde ir, mas todos os caminhos como opção para reviver a terra, a grama ou a água. E todos. Estarei livre, como quem não é amada, mas ama e entrega os sentidos à vida. Saia, e esqueça todas as medidas duplicadas, de tempo, de tempero, de dinheiro, de amor. Sinta-se próprio, adote a si mesmo, retire do seu corpo cada curva de minha "perfeição".
E ao se sentir mais leve, como eu, terá a apenas a certeza da serenidade que acompanha cada boa decisão. Sem saber mais dos risos que vinham de madrugada, encontrarei novamente os sonhos que ainda fazem sentido. Porque pra mim, por ser amor, é que cada palavra importa. Pensarei não mais em você, mas em tudo o que é e que foi bom, o que não dependeu de nada e nasceu por mim, e voarei.

(Amanda Bandeira)


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