terça-feira, 10 de novembro de 2009


A vida é um fio largo, contínuo, no que diz respeito às possibilidades. Se vemos esse fio de repente ficar fino, quase se rompendo em nossa cara, a reação... inesperadamente nos damos conta da morte e de como ela nos arranca a mais sutil iniciativa de até respirar.

Ver a sua vida no centro da roda de um ceifeiro só te faz tomar noção de todo o perigo e probabilidades quando terminada a ciranda. Até lá você dança uma dança estranha, onde o seu instinto escolhe o par, ou o desespero ou o non sense, e pode ter certeza, qualquer que seja o escolhido, conduzirá seus passos como um perfeito cavalheiro, mas não segurará sua mão, não dará a confiança de que tudo está bem, e o sorriso dele parecerá mais sarcástico a cada momento.

Eu escolhi como par o non sense, e foi estranho vê-lo abrindo os braços para me mostrar o cenário, o ônibus do qual acabara de sair destroçado e revirado, com os pneus apontando para um ângulo que não é o de costume.

Troquei de par horas depois, a realidade me deu um abraço forte demais, e como se tivesse encontrado alguém que ansiava muito, chorei em seus braços, e até agora, ainda tenho medo de olhar mais fundo em seus olhos. "As cores têm um outro tom, os nomes e pronomes outro som"... Por mais que não se queira dar conta, as coisas mudaram, o fio tem um nó que uma mão mais poderosa teceu, e dár-se conta dessa mão segurando tudo, faz pensar se ela própria tocava a música...

Não dá para não olhar pela janela e não querer reparar em cada detalhe, não dá para achar que não acontecerá novamente, não dá para não pensar no que poderia ter sido, com você, com seus amigos...

Mas dá para saber que embora igualmente cruel, aquele par, a realidade, ajuda a olhar na cara dos outros que te cirandavam com um leve sorriso irônico, dizendo, estou aqui, ainda estamos aqui.

(Amanda Bandeira)


Temporada das Flores

(Leoni)


Que saudade!

Agora me aguardem

Chegaram às tardes de sol a pino

Pelas ruas

Flores e amigos

Me encontram vestindo

Meu melhor sorriso

Eu passei um tempo

Andando no escuro

Procurando

Não achar as respostas

Eu era a causa

E a saída de tudo

E eu cavei como um túnel

Meu caminho de volta

Me espera, amor

Que eu estou chegando

Depois do inverno

É a vida em cores

Espera, amor

Nossa temporada das flores

Eu te trago

Um milhão de presentes

Que eu achava

Que já tinha perdido

Mas estavam

Na mesma gaveta

Que o calor das pessoas

E o amor pela vida

Me espera

Estou chegando com fome

Preparando o campo

E a alma pras flores

E quando ouvir

Alguém falar no meu nome

Eu te juro que pode

Acreditar nos rumores

Me espera, amor

Que eu estou chegando

Depois do inverno

É a vida em cores

Espera, amor

Nossa temporada das flores

Me espera, amor

Que eu estou chegando

Depois do inverno

É a vida em cores

Espera, amor

Nossa temporada das flores

Me espera, amor

Que eu estou chegando

Depois do inverno

É a vida em cores

Espera, amor

Nossa temporada das flores

Me espera, amor

Que eu estou chegando

Depois do inverno

É a vida em cores

Espera, amor

Nossa temporada das flores

Que saudade!

Agora me aguardem

Chegaram às tardes de sol a pino.